A importância da formação de cidadãos digitais conscientes

Embora muito comentada pela mídia e toda sociedade, o  “jogo” Baleia Azul ou Blue Whale Game não é a primeira interação perigosa e viral na Internet que possui como envolvidos, predominantemente, menores de idade que, por sua própria natureza, são incapazes de valorar adequadamente as consequências de suas ações.

Quem acompanha o assunto e está por dentro do que rola nos bastidores da “ala jovem”, sabe que existem inúmeros outros desafios, jogos ou brincadeiras que, literalmente, desafiam a vida, por exemplo: o “desafio do desodorante”, que consiste (um deles) no acionamento de um aerosol posicionado diretamente na pele do participante, que deve suportar a dor até o máximo possível, resultando em grave queimadura da área afetada, o desafio da canela, consistente na ingestão de canela em pó pelo participante, podendo provocar inflamações/lesões pulmonares permanentes, pneumonias ou crises de asma, do gelo e sal que, assim como um dos praticados com o desodorante, podem gerar queimaduras de até terceiro grau, entre tantos outros, não menos nocivos.

É fato, a questão precisa ser assistida de perto por pais, educadores, pediatras, hebiatras, psicólogos, advogados e autoridades competentes, na medida em que apenas uma atuação conjunta e efetiva será capaz de sensibilizar os jovens a respeito dos riscos destes comportamentos, bem como da adesão a estes jogos perigosos. Porém, sem pânico, sem alarde, com calma e responsabilidade.

Precisamos, sem dúvida, nos valer de todas as medidas judiciais possíveis para responsabilização daqueles que incentivam tais práticas, vez que tais comportamentos podem implicar na tipificação de não somente ilícitos civis e constitucionais, mas também de crimes.

Destaca-se que, em situações como esta, não existe uma ou o perfil de uma única vítima, mas sim de toda coletividade. Pais e mães estão aflitos, a comunidade escolar sem saber por onde começar e como pautar em sua rotina assunto tão sensível.

O diálogo e a participação de pais e/ou responsáveis na vida digital de crianças e adolescentes constituem importantes aliados na mitigação de riscos, sejam eles on ou off-line. Contudo, vale observar que não só à família compete o dever de assegurar a criança e ao adolescente a observância de seus direitos fundamentais. Este dever constitucional (artigo 227) estende-se também a toda sociedade. Ainda que pelo princípio da solidariedade (art.3º, I da CF), pode e DEVE a sociedade contribuir SIM:

  1. observando comportamentos de jovens que fogem a regra e sinalizando, tempestivamente aos respectivos pais e/ou responsáveis, e
  2. não curtindo ou compartilhando conteúdo que não agrega da internet, mas pelo contrário, curtindo e compartilhando conteúdos relevantes, assim como denunciando (Ministério Público, org) comportamentos que contrariam os limites da razoabilidade e colocam a saúde e a vida de nossas crianças e adolescentes em situação de risco. Quando você compartilha um post, um comentário, um vídeo ou áudio alarmante, ACREDITE, você não ajuda, pelo contrário. Pode instigar a curiosidade dos jovens e ao invés de ajudar os pais, os deixar ainda mais desesperados. Não faz o menor sentido disseminar nas redes sociais o passo a passo adotado por este ou qualquer outro jogo ou desafio ou brincadeira do tipo. Entende a falta a coerência?

Mas, e quanto à disseminação destes vídeos? Como conter? Como remover da internet? Bem, para conter, basta que cada um fazer sua parte, não curtindo, comentando e tampouco compartilhando vídeos desta natureza. Para apagar, o primeiro passo é solicitar a exclusão/remoção do vídeo (denunciando no canal apropriado da respectiva plataforma). Para tanto, o conteúdo deve expressar sua correta e inequívoca identificação, o que se dá por meio da URL, link que disponibiliza o acesso ao conteúdo que precisa ser removido.

Referidas plataformas disponibilizam canais destinados para esse fim, muito embora, infelizmente, não acolham a todos os pedidos de remoção realizados extrajudicialmente, daí a importância da acionar diretamente as autoridades competentes, a fim de tornar mais céleres procedimentos desta natureza.

Mas afinal, o que fazer diante da suspeita do(a) filho(a) estar participando do Blue Whale Game? A recomendação é que se estabeleça imediatamente um diálogo, franco e direto, sem rodeios. Você está participando? Vc não deve e não precisa ceder a nenhum tipo de chantagem ou ameaça, nada acontecerá com vc ou quem quer que seja. Faça-o(a) sentir que está com ele(a) e sairão juntos dessa”furada”. Dirijam-se, com o celular que comunica-se com o jogo, à uma delegacia de crimes cibernéticos ou vá direto ao Ministério Público para que o mentor/curador do jogo seja localizado e o grupo desfeito. Outro ponto que merece total atenção é: ele(a) está mesmo desmotivado(a) com a vida? O jogo, por si só, não instiga o desejo de quem quer viver a suicidar-se, apesar de representar um gatilho. Ou seja, independente do jogo, é preciso apurar e ajudá-lo(a) com encaminhamento a especialistas – psicólogos, psiquiatras, pediatras), caso esteja pensando em tirar a própria vida. Faz sentido?? E por fim, há de considerar a possibilidade dele(a) estar “brincando” (fingindo) que é um jogador, o que também não dispensa uma boa conversa, seja porque está querendo chamar a atenção ou porque está brincando com coisa séria.

A SaferNet oferece um serviço gratuito de escuta, acolhimento e orientação especializada destinado a crianças, adolescentes, pais e responsáveis que estejam vivenciando alguma situação de risco ou violência online. Há uma equipe de psicólogos disponível das 14h às 18h através de chat ou por e-mail, acesse www.canaldeajuda.org.br

Quer ajudar? Então assista e compartilhe este vídeo: https://m.youtube.com/watch?feature=share&v=sqfvi7GRiAU

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